Epifanía da Fala
De tanto me calarem calei Fiz um silêncio profundo Nem minha alma me ouvia Era um abismo profundo Tamanho o silêncio que fazia Encontrei o abismo profundo A escuridão absoluta do abismo Não era no espaço, além das estrelas, Era o abismo do lado de dentro. Não havia dor nem prazer Alegria nem tristeza Beleza nem feiúra Medo nem segurança Era o silêncio que gritava Rompendo os tímpanos Não era depressão Muito menos euforia Silêncio, Silêncio, Silêncio, Silêncio . O vento não movia as águas desordenadas. Tudo parado ante a escuridão do silêncio. Nada se movia, nada brilhava, nada era. Mas lá dentro nesta imensidão silencioso A voz divina rompeu Sem mexer em nada as águas não moveram Nenhum vento as empurraram Era um sagrado profundo Pavoroso, tremendo, numinoso E a voz silenciosa eloquente Falou e a única coisa que vi Naquela escuridão profunda Haja luz! E pouco a pouco a orquestra Do nada, ex nihilo, surgiu Aos poucos tudo tomou forma Um todo me env