Mateus 20. 1 – 14

A Parábola dos trabalhadores na vinha
Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha.
E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha.
E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça,
E disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo.
E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia?
Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo.
E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros.
E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um.
Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um.
E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família,
Dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia.
Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro?
Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti.

Comentários:
Umas da formas de distinguir as pessoas é o sistema de mérito, pois se atribui que o maior esforço deva ser mais bem recompensado. No entanto, a passagem bíblica acima contraria a lógica da “meritocracia”, pois todos foram assalariados igualmente. O que Jesus quis explicar aos seus discípulos com essa parábola?
Ao analisar o contexto anterior (Mt 19. 16-30), Jesus aconselha o jovem rico a tornar-se igual aos pobres para ser perfeito.
“Vende tudo que tens e distribua aos pobres”
Tomar esta atitude era algo penoso ao jovem rico que se retira cabisbaixo, Jesus fala aos seus discípulos que “é mais fácil passar um camelo por um fundo de agulha do que o rico entrar no reino dos céus”, eles comentam que desse modo era impossível alguém se salvar, porém Jesus afirma que para “os homens é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
A parábola dos trabalhadores na vinha é a explicação do “tudo é possível”. Primeiramente por se tratar do reino dos céus, que é alcançado mediante a graça de Deus, não é o esforço do homem que o faz merecedor da salvação, mas a entrega a Sua bondade. Tanto o que trabalhou mais, quanto o que trabalhou menos recebeu o mesmo salário. No reino dos céus não há desigualdades.
Em segundo lugar, o reino dos céus, trata da prática de se abandonar o seguimento deste mundo, o sistema que institui as desigualdades, Jesus cita o que as pessoas tinham por posse naquela época: casa, irmão, pai, mãe, mulher, filhos, campos. Veja bem, a família está citada no mesmo nível que as posses (casas e campos). Jesus não quer a dissolução da família, mas que a família seja ampliada, pois ele disse: “receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna”.
Em terceiro os primeiros e últimos possuem o mesmo valor. Parece injusto, os que chegaram cedo receberam o mesmo que os da undécima hora, mas isto é injusto somente no sistema meritório do reino dos homens. No reino dos céus todos são inclusos, o salário não serve para diferenciar as pessoas, mas para suprir suas necessidades. Todos são convidados ao reino dos céus!
No contexto posterior à parábola dos trabalhadores da vinha, há o pedido da mãe de Tiago e João, nesta passagem Jesus deixa claro que o apadrinhamento não tem importância no reino do céu, ser filho de Zebedeu não é condição para ser um agente do reino, para sê-lo, basta beber o mesmo cálice do mestre, que está longe de uma vida de privilégios de desigualdades, o privilégio agora é servir aos outros.
“Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”.
E o que fazemos nós cristãos? Apoiamos o sistema de mérito, os apadrinhamentos, ou seguimos os passos de Jesus? Servimos ou queremos ser servido? Acredito que estamos mais para o jovem rico, ou o trabalhador da primeira hora, ou a mãe dos filhos de Zebedeu, pois reclamamos dos sistemas de cotas, da bolsa família, da erradicação da miséria. Cremos que a desigualdade só se resolverá no “reino do céu”, num lugar distante de nós, mais fantasioso do que a “terra sem males”.
As palavras de Jesus não são apenas esperança vindoura, mas prática diária. O Mestre estava falando das coisas que vivenciava e seus ensinmentos eram para serem aplicados ainda naquela época. As igualdades não eram somente para o futuro, mas para serem aplicadas imediatamente por todos aqueles que o seguiam. Infelizmente saímos triste de cabeça baixa como o jovem rico, pois temos muitos “bens” que não estamos dispostos a abandonar ou distribuir aos pobres. Estamos indignados com aqueles que até o momento não possuíam acesso ao ensino superior, pois estamos “ralando” a mais tempo. Queremos as posições de destaque sem querer “beber o cálice do Mestre”, queremos ser servidos e não servir.
Todavia ainda há esperança! O Senhor da vinha é bondoso, Ele faz o bem sem importar com nossas opiniões, além do que, muito embora acreditemos somente em “mitos”, pois duvidamos da prática cristã para os dias atuais, para DEUS, o Senhor da vinha, TUDO É POSSÍVEL! Ele acredita que nós possamos mudar!

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